Informática e Documentação

quarta-feira, novembro 21, 2007

Amazon quer revolucionar mundo do livro com o leitor eletrônico Kindle


Jeff Bezos, fundador do site de varejo na internet Amazon, e que construiu império vendendo livros na rede, acredita que as páginas de papel têm os dias contados, e que o futuro pertencerá ao livro digital.


Bezos apresentou na segunda-feira (19) o leitor de livros eletrônico Kindle, que já é por alguns analistas ao iPod da Apple, e com o qual Amazon espera popularizar os livros digitais.


Com um custo de US$ 399 (R$ 702) nos Estados Unidos, Kindle permite armazenar até 200 livros e escolher entre uma variedade de 90 mil títulos à venda em sua loja online, além de assinaturas dos principais jornais e revistas do país e mais de 300 blogs.


A novidade é que Kindle tem conexão sem fio à internet, o que permite que os leitores baixem conteúdo da rede em qualquer lugar, além de ler e-mails.


Avanço

Nos leitores de livros eletrônicos anteriores, o usuário precisava estar conectado a um computador, para o qual deveria baixar o livro, para em seguida transferi-lo ao aparelho leitor.

Kindle foi projeto de desenvolvimento da Amazon durante três anos. A idéia era de que o aparelho ficasse em segundo plano, para permitir ao usuário desfrutar da leitura, assim como acontece com os livros físicos.

Quando se lê um livro "a tinta e o papel se esmaecem e o que fica é a palavra do autor. Nosso principal objetivo era conseguir que Kindle desaparecesse nas mãos", disse o fundador do Amazon.

De acordo com a empresa, a tela do leitor é tão simples de ler quanto o papel, pois utiliza partículas de tinta reais, reflete a luz como o papel comum e não brilha como as telas de outros aparelhos eletrônicos.

Para estimular os compradores, o Amazon baixou para US$ 9,99 (R$ 17,5) o preço do download de muitos dos títulos mais vendidos. No passado, alguns títulos em versão digital custavam o mesmo que suas edições em papel.


Mundo real

No entanto, alguns especialistas são céticos com relação às possibilidades de sucesso do Kindle e se perguntam se os leitores estão realmente preparados para esquecer o contato das páginas de um livro e começar a ler romances em uma tela de seis polegadas.

As primeiras tentativas de popularizar os leitores de livros eletrônicos chegaram no final dos anos 90 com o RocketBook e o SoftBook Reader, duas invenções que passaram despercebidos por serem incômodas ao leitor e pela pouca oferta de títulos.

Mais sucesso tiveram lançamentos recentes como o Reader, da Sony, colocado à venda há um ano, que utiliza uma nova tecnologia que torna muito mais agradável a leitura em sua tela.

Embora a Sony não tenha divulgado o número de vendas, seu sucesso deve ter sido pelo menos aceitável, já que o grupo lançou em outubro uma nova edição pelo mesmo preço, - -US$ 300 (R$ 528) nos EUA -, mas com novas funções.


Transformação

No setor editorial, responsável pela movimentação de US$ 35 bilhões (R$ 61,6 bilhões) anuais, tanto as editoras como o varejo já se preparam para uma possível era "pós-Gutenberg" e aumentaram sua oferta de livros digitais.

A editora Random House, por exemplo, planeja oferecer 6,5 mil títulos em formato digital para o próximo ano, quase o dobro do que dispõe atualmente.

Já a Barnes & Noble, uma das principais redes de livrarias americanas, anunciou que oferecerá em sua página na internet o texto integral de boa parte de seus títulos à venda e que não descarta desenvolver, inclusive, um leitor de livros digitais próprio.

Ao contrário do que pode parecer, muitos especialistas acham que aparelhos como o Kindle abrem muitas oportunidades para as editoras.

Bezos, da Amazon, acredita que os ciclos editoriais seriam encurtados, porque não seria necessário imprimir fisicamente os livros e os custos cairiam.

Isso permitiria reduzir os preços --uma das principais queixas de muitos leitores-- e encorajar mais gente a ler. Somente 57% dos americanos lêem pelo menos um livro ao ano e este número é cada vez mais baixo.